Quero
a certeza, a certeza
da fera
que dispara,
abate a presa
e banqueteia
sobre a relva ou mesa.
A certeza firme,
embora peregrina,
dos que cegamente rezam
montanha acima.
A certeza
do carrasco
na guilhotina. A certeza
desabalada
da manada
estourando na campina,
a certeza do mau poeta
com suas rimas.
A certeza
além da lógica formal.
A certeza industrial
que liga e desliga
os conceitos
de bem e mal.
Ao contrário
- vacilante e intranqüilo -
sou o caçador cujo gatilho
espanta a caça
antes do tiro,
dançarino de pés mancos
que desaba aos trancos
sobre o palco,
ladrão
que devolve em dobro
o roubo
- antes do assalto.
A certeza, sei, é desumana,
é carapaça, couraça, verniz, mentira, máscara
e incapacidade
- de viver o drama.
Mas, às vezes, gostaria
de ter a estúpida e feliz certeza
do ditador no trono.
A certeza, por certo, causa dano
mas é aspiração confessa
de quem, nietzshiano, se cansa
de ser humano,
- demasiadamente humano.
Um comentário:
Agora sim tá lindo esse blog! hahaha :D
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