Teresinha de Jesus que da queda não levantou
anteontem
um menino inda sem barba na face
vestindo uma camisa encharcada
de suor
me passou nos cabelos e
no rosto suas mãos sujas e carinhosas
e não me disse palavra
mas me mostrou
seus dentes
ontem
um moço aprumado – usava
sapato e gravata e um anel - me envolveu o pescoço
com suas mãos dedos unhas e
língua
e me disse umas palavras
e tragou o meu perfume
hoje
um rapaz púbere
aqui na cerca de casa bateu palmas
e entrou
atravessou o jardim e pisou nas margaridas - que eu plantei e não colhi –
sentou-se na mesa misturou o feijão e
o arroz e mastigou uns bocadinhos de carne e
me arrancou o avental do corpo mais as vestes que eu trajava mais o seu cinto
a sua calça a sua camisa de botões nunca alinhados e por fim suspirou e
me chamou surpreendentemente de
amor
o que eu respondi? sequer sus
pirei
fiquei pensando no meu corpo
estirado
naquela cama meu corpo que sou eu meu corpo: duas pernas
duas mãos
meu corpo que é feito de osso e pensamento e
carne
corpo meu corpo que tem um nariz assim mais
dois olhos e
dois pés – que me aguentam – mais uma boca
oca
(thainá czapla)
Nenhum comentário:
Postar um comentário