segunda-feira, 13 de junho de 2011

O olhar (Mário Quintana)

"O último olhar do condenado não é nublado
sentimentalmente por lágrimas
nem iludido por visões quiméricas.
O último olhar do condenado é nítido como uma
fotografia:
vê até a pequenina formiga que sobe acaso pelo rude
braço do verdugo,
vê o frêmito da última folha no alto daquela árvore,
além ...
Ao olhar do condenado nada escapa,
como ao olhar de Deus
-um porque é eterno,
o outro porque vai morrer.
O olhar do poeta é como o olhar de um condenado...
como o olhar de Deus..."

Nenhum comentário: