"Mulher, ó mulheres! Escutai com atenção, pois a língua do Gorila tem mais de um sentido. Tanto poderá sussurrar doces palavras em vossos ouvidos quanto descer ao ponto mais nevrálgico e recôndito do vosso corpo, que poucos conhecem como o Gorila. Então o Gorila parecerá um colibri, voejando em torno de uma flor. E as mãos! Que mãos! Pode-se dizer que ele as têm em número de quatro, pois desenvolveu destreza e suavidade inefáveis nos dedos dos pés. Quase como o delicado carinho de mulher para mulher, com a vantagem de vos oferecer um peito peludo, másculo, porém macio e aconchegante. Mas o Gorila é generoso e nada tem a opor se quiserdes saciar-vos vós mesmas, enquanto ele apenas vos acaricia os seios. Porém, depois - sim, depois -, quando estiverdes saciadas desse tipo de gozo, o Gorila vos possuirá para que vos sintais preenchidas em todo o vazio, o âmago do ser. Mulher, ó mulheres, conheço-vos, pois sou o Goorila, ho, ho, ho."
( O vôo da madrugada - O gorila, de Sérgio Sant' Anna)
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