Nunca namore uma dentista
As piores namoradas do mundo, diz um sábio sem dentes, são as dentistas. Recentemente escapei de uma consulta de seis anos e meio com uma dessas insólitas profissionais e, portanto, com experiência de causa, posso afirmar; nunca namore uma dentista.
Essas moças iniciam seus relacionamentos pela sala de espera do consultório. Aguardamos horas intermináveis para saber o que se passa dentro de suas cabecinhas e quando somos atendidos elas nos recebem com seus sorrisos alvos e ortodonticamente corretos, perguntando; faz muito tempo que você está aí?
Enquanto somos conduzidos até a cadeira de dentista (máquina infernal que só serve para despertar nossos fetiches), elas nos indagam como foi nosso dia, o que andamos fazendo ou se estamos trabalhando demais, perguntas despretensiosas, que tem como único objetivo distrair nossa atenção. Quando sentamos nesses objetos malditos somos automaticamente aprisionados e nada podemos fazer a não ser esperar a consulta acabar.
As anestesias são drogas manipuladas por elas mesmas e conservam os mais diferentes segredos da farmacologia moderna. Através desses anestésicos somos conduzidos a um mundo de sonhos e fantasia, e, dessa forma elas têm o caminho livre para concretizar seus verdadeiros intentos. Apenas nos causar dor.
Essas meninas quando nos têm presos a suas cadeiras e de bocas abertas analisam nossos mais íntimos segredos, com suas mãozinhas hábeis e ligeiras vão desbravando regiões internas que somente nós deveríamos ter acesso. E finalmente realizam seus malignos desejos, se apoderam de nossos corações.
Após a consulta, nos conduzem para fora do consultório de suas vidas sem nenhum tratamento especial, como toda boa charlatã inventam histórias para nos iludir e acharmos que temos culpa pelos nossos dentes estarem apinhados ou em petição de miséria.
No final de tudo nos sentimos arrasados, traídos e abandonados, pois elas nos trocam por qualquer dentistinha que as ensinará, bem explicadinho, nada mais do que já sabem. Mal sabem elas que se tivessem nos escolhido lhes ensinaríamos a poesia, inexplicável, da vida.
Esta é a minha história de amor com uma dentista. Por que razão que se perceba não há de ser ela mais triste e verdadeira que tantas outras já contadas?
3 comentários:
Tchê guri mais uma faceta tua! Escritor então? Agora serei teu leitor assíduo! Muito bom!
opa, alem de professor... escritor, e ae che, como é que tão as coisas?
Rodrigo Bender, lembra?
beeela crônica. E se tu realmente teve uma namorada dentista, pode ter certeza que ela adorou! ( ironia) beeijo!
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