segunda-feira, 30 de junho de 2008

Crônicas da minha vida (por mim mesmo)

Nunca namore uma dentista

As piores namoradas do mundo, diz um sábio sem dentes, são as dentistas. Recentemente escapei de uma consulta de seis anos e meio com uma dessas insólitas profissionais e, portanto, com experiência de causa, posso afirmar; nunca namore uma dentista.
Essas moças iniciam seus relacionamentos pela sala de espera do consultório. Aguardamos horas intermináveis para saber o que se passa dentro de suas cabecinhas e quando somos atendidos elas nos recebem com seus sorrisos alvos e ortodonticamente corretos, perguntando; faz muito tempo que você está aí?
Enquanto somos conduzidos até a cadeira de dentista (máquina infernal que só serve para despertar nossos fetiches), elas nos indagam como foi nosso dia, o que andamos fazendo ou se estamos trabalhando demais, perguntas despretensiosas, que tem como único objetivo distrair nossa atenção. Quando sentamos nesses objetos malditos somos automaticamente aprisionados e nada podemos fazer a não ser esperar a consulta acabar.
As anestesias são drogas manipuladas por elas mesmas e conservam os mais diferentes segredos da farmacologia moderna. Através desses anestésicos somos conduzidos a um mundo de sonhos e fantasia, e, dessa forma elas têm o caminho livre para concretizar seus verdadeiros intentos. Apenas nos causar dor.
Essas meninas quando nos têm presos a suas cadeiras e de bocas abertas analisam nossos mais íntimos segredos, com suas mãozinhas hábeis e ligeiras vão desbravando regiões internas que somente nós deveríamos ter acesso. E finalmente realizam seus malignos desejos, se apoderam de nossos corações.
Após a consulta, nos conduzem para fora do consultório de suas vidas sem nenhum tratamento especial, como toda boa charlatã inventam histórias para nos iludir e acharmos que temos culpa pelos nossos dentes estarem apinhados ou em petição de miséria.
No final de tudo nos sentimos arrasados, traídos e abandonados, pois elas nos trocam por qualquer dentistinha que as ensinará, bem explicadinho, nada mais do que já sabem. Mal sabem elas que se tivessem nos escolhido lhes ensinaríamos a poesia, inexplicável, da vida.
Esta é a minha história de amor com uma dentista. Por que razão que se perceba não há de ser ela mais triste e verdadeira que tantas outras já contadas?

3 comentários:

Anônimo disse...

Tchê guri mais uma faceta tua! Escritor então? Agora serei teu leitor assíduo! Muito bom!

Rodrigo Bender disse...

opa, alem de professor... escritor, e ae che, como é que tão as coisas?
Rodrigo Bender, lembra?

Samantha disse...

beeela crônica. E se tu realmente teve uma namorada dentista, pode ter certeza que ela adorou! ( ironia) beeijo!